quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A taberna


a taberna

na taberna aqui ao lado
vi a minha sombra a beber um copo de vinho
..........
e eu aqui:
agarra-me a bebedeira
tremem-me as palavras


Hassan Najmi

Tradução: André Simões
الخان

في الخان المُجاور ـ

رأيت ظِلّي يشرب كأس نبيذ

..........

وأنا هنا ـ

يُداهِمُني السُكْر

تترنح كلماتي

Memória

[Trabalho sobre caligrafia árabe, de Samîr Malik]

ainda, viajante,
ainda, dez anos depois,
és dardo cravado no meu flanco

Nizâr Qabbânî


Tradução: André Simões
Revisão: Nádia Bentahar
مازلْتِ يا مُسَافِرَةْ
مازلْتِ بعدَ السَنَةِ العَاشِرَةْ
مَزْرُوعةً.. كالرُمْح في الخَاصِرَةْ

Coelho

[Trabalho sobre caligrafia árabe, de Samîr Malik]

ai se um dia te libertasses
da natureza medrosa dos coelhos
e soubesses
que eu não sou o teu caçador
que eu sou o teu amor

Nizâr Qabbânî

Tradução: André Simões
Revisão: Nádia Bentahar
آهِ.. لو تتحرَّينَ يوما
من غَريزة الأَرَانِبْ..
وتَعْرِفينْ،
أننّي لستُ صيَّادَكِ..
لَكنَّني حبيبُكِ...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Peixe


como pareces um peixe
veloz no amor como um peixe
cobarde no amor como um peixe
mataste-me mil mulheres dentro de mim
e tornaste-te tu rainha

Nizâr Qabbânî

Tradução: André Simões

Revisão: Nádia Bentahar
كَمْ تُشْبهِنَ السَمَكةْ
سريعِةٌ في الحُبِّ.. مثلَ السَمَكَةْ
جَبَانَةٌ في الحبِّ.. مثلَ السَمَكَةْ
قَتَلتِ ألفَ امْرَأةٍ في داخلي
وصِرْتِ أنتِ المَلِكَةْ

A fala das mãos dela


a fala das mãos dela

um pouco de silêncio,
impetuosa,
que a mais bela fala
é a fala das tuas mãos
sobre a mesa

Nizâr Qabbânî

Tradução: André Simões

حَديثُ يَدَيْها

قليلاً من الصَمْتِ ..
يا جَاهِلَةْ ..
فأجملُ من كُلِّ هذا الحديثْ
حَديثُ يَدَيْكِ
على الطَاوِلَةْ

Sobre o amor marinho



sobre o amor marinho

sou o teu mar, senhora minha,
e não me perguntes da viagem
nem do tempo da partida e da chegada:
só tens de
esquecer os impulsos da terra
e obedecer às leis do mar
e entrar-me como peixe enfurecido;
racha o navio em dois pedaços
e o horizonte em dois pedaços
e a minha vida em dois pedaços

Nizâr Qabbânî


Tradução: André Simões

Revisão: Nádia Bentahar
في الحُبّ البحريّْ

أنا بَحْرُكِ، يا سَيِّدتي
فلا تسألين عن تفاصيل الرحلةْ
ووقْتِ الإقْلاع والوُصُولْ
كلُّ ما هو مطلوبٌ منكِ
أن تنسَيْ غرائزَكِ البَرِيَّةْ
وتُطيعني قوانينَ البحرْ
وتَخْترقيني كسمكةٍ مَجْنُونَةْ
تَشْطُرُ السفينةَ إلى نِصْفَينْ
والأُفُقَ إلى نِصْفَيْنْ
وحياتي إلى نِصْفيْنْ

Brecha

[Khaled as-Saa'i - Sem título]

uma brecha
abrindo-se para sempre
ninguém a enche
ninguém
e sempre que ela tenta
falha
deixa cair
uma lágrima

Fatiha Morchid

Tradução: André Simões
Revisão: Nádia Bentahar
ثغرة
تحفر إلى الأبد
لا أحد يملأ
لا أحد
كلما حاولت
أخفقت
أسقطت
دمعة
فاتحة مرشيد